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Marcha-lenta Contra as Portagens Entupiu o IP5 Durante Duas Horas
Por MARIA ALBUQUERQUE Sábado, 23 de Outubro de 2004 Duas horas e treze minutos para percorrer 23 quilómetros. A marcha lenta que ontem entupiu o IP5, entre Mangualde e Viseu, circulou a uma média de 10 quilómetros por hora. À hora marcada, dezenas de camiões TIR iniciaram o protesto contra as portagens na futura A25. Segundo Francisco Almeida, porta-voz da Comissão de Utentes Contra as Portagens no IP5/A25, a marcha criou uma enorme fila que se prolongou até Celorico da Beira, situado a mais de 40 quilómetros de Viseu. "Foi uma grande marcha lenta, primeiro porque éramos muitos e segundo porque foi mesmo muito lenta. Demorámos mais de duas horas a percorrer uma distância que normalmente levaria cerca de 25 minutos", vincou o responsável. No protesto participaram inúmeras empresas de transportes de mercadorias da região. Boaventura Costa, da empresa de Fernando Vieira, disse aos jornalistas que, a serem cobradas portagens, muitos postos de trabalho serão postos em causa. Uma opinião partilhada por João Almeida, da empresa Patinter, sediada em Mangualde. "Será muito dispendioso para as empresas, vai-lhes sair do bolso. Só da Patinter circulam no IP5 120 carros por dia", exemplifica. Residente em Figueira de Castelo Rodrigo, mas com família em Viseu, João Almeida teme ainda ver os seus encargos pessoais acrescidos. "Os salários portugueses já são baixos. Temos de pagar casa, carro e gasóleo e agora, mais as portagens", desabafou. "A única solução é não pagar [portagens], mas não sei como, porque a nacional 16 não é alternativa. Basta um carro da Patinter para se tornar completamente inviável", reforçou Adelino Gonçalves, motorista da empresa. Segundo a Comissão de Utentes contra as portagens há empresas do distrito de Viseu que "prevêem pagar 330 mil contos [1,65 milhões de euros] de portagens, o que será incomportável". Quem é que vai ter a falta de vergonha de dizer às empresas que não querem pagar portagens, para irem pela nacional 16? A nacional 16 nao é alternativa a coisa nenhuma. Temos falado com muitas empresas e organizações empresariais e já ouvimos a possibilidade de deslocalização", contou Francisco Almeida. Por isso, lamenta que os autarcas da região se limitem a fazer algumas "declarações piedosas". Seria um contributo insubstituível para a região ver as autarquias do cordão do IP5 unirem-se na defesa dos interesses das populações, da economia das suas terras e da região, tal como na região do Algarve e de Castelo Branco, independentemente de partidos políticos. Não sugiro manifestações na rua, nós assumimos essa parte, mas pelo menos que apareçam publicamente a contestar a decisão", desafiou.
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